Europa com problemas

Quem imaginaria que haveria uma guerra com proporções gigantescas na Europa? Com mais de um ano de guerra na Ucrânia, não há nenhuma perspectiva, pelo menos mínima de um começo de negociação ou um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia.

Essa guerra mostrou o tão dependente que a Europa se tornou dos recursos energéticos da Rússia, especialmente com o gás, esse tão essencial para a indústria. Com isso empurrou o preço para as alturas dos aluguéis, do aquecimento, da comida. A inflação alta traduz perca de poder aquisitivo do europeu, especialmente da geração pós-segunda guerra mundial, não acostumada com a inflação.

Vamos dá uma olhada em quatro países europeus, com nuances políticas diferentes:

Áustria

O país alpino se encontra num turbilhão político desde que o estado da Baixa-Áustria há a coalizão de ultradireita entre os conservadores (ÖVP) e extrema-direita (FPÖ). De olho nas pesquisas de intenção de voto para a eleição do Parlamento Nacional marcado para outubro de 2024, o ÖVP pegou carona na boa colocação do FPÖ nas pesquisas. O FPÖ se encontra em primeiro lugar se aproveitando da insatisfação popular em relação as medidas de contenção da Covid19, aliado a inflação alta.

Os conservadores se utilizam da mesma estratégia de 2017, quando a extrema-direita se encontrava bem nas pesquisas e se aproveitou dos problemas de questão imigratória do momento.

Enquanto isso, a oposição liderada pelo SPÖ, os Sociais democratas, se encontra em uma verdadeira batalha pela liderança do partido. Os dois principais candidatos, a atual líder, Pamela Wendi-Wagner e Hans Peter Doskosil, governador do estado do Burgenland travam uma disputa ferrenha dos membros do partido para a indicação para concorrer para o cargo de cabeça de lista para as eleições do Parlamento Nacional. A decisão sairá em junho. Entretanto o resultado da eleição do Parlamento Nacional de Salzburgo pode acelerar a decisão. Essa eleição está marcada para o 23 de abril. Aí, a extrema-direita está muito bem nas pesquisas.

Mais sobre o assunto, basta clicar aqui e aqui. Ambos em textos em alemão.

Alemanha

Assim como acontece na Áustria, a inflação afeta o poder aquisitivo do alemão. A coalizão entre três partidos tem sido marcada por várias brigas entre os Verdes (Grüne), os Sociais-democratas (SPD) e Liberais (FDP).

A guerra na Ucrânia deflagrou uma grave crise no SPD, já que o antigo Kanzler Gerhard Schröder do mesmo partido do Kanzler atual e muito próximo a Vladimir Putin. Com isso trouxe um debate que coloca os dedos nas feridas da Segunda Guerra e a necessidade de se ajudar a Ucrânia, seja com o recebimento de refugiados ucranianos, bem como o envio de armamento bélico, tema absolutamente tabu para os alemães.

O país já vinha sendo afetado por greves em vários setores. Já na próxima semana, no 27 de março, a Alemanha vai encarar greve no setor de transportes que vai paralisar o país. O atual Kanzler, Olaf Scholz (SPD) tem sido acusado de “omisso” por não ter mão dura o suficiente para tratar dos problemas.

França

Se as greves começam a afetar a Alemanha, as greves têm sido uma marca na França. Desde que anunciou o seu plano de Reforma da Previdência que visa aumentar para dois anos o tempo de trabalho para a aposentadoria. Emmanuel Macron vem enfrentando além das greves, várias manifestações violentas em Paris e outras cidades da França.

A Reforma da Previdência é muito necessária para o país, caso contrário em um futuro próximo, não será possível pagar as pensões. O sistema de Previdência francês é considerado um dos mais generosos do mundo e como consequência, um dos mais caros.

A França foi um dos países mais atingidos pela Pandemia de Covid19 com mais de 100 mil mortos. Ao mesmo tempo, como aconteceu com outros países europeus, o governo francês se viu obrigado a dar subsídios e logo em seguida mantê-los, especialmente para os aluguéis e aquecimento, por conta da alta inflação em função da guerra na Ucrânia.

Por cima disso, a França possui um problema histórico com seus “banlieue” – bairros problemáticos com habitantes das antigas colônias francesas, não integrados à sociedade. Para ler mais sobre o assunto, basta clicar aqui. Texto em francês.

Suiça

A quase quebra de um dos principais bancos do país, o Credite Suisse deixou os suiços chocados. Não somente a Suiça, como a Europa acompanhou com apreensão a compra do Credit Suisse pelo seu principal rival, o banco USB. Essa compra foi feita com a ajuda do Banco Central da Suiça que colocou mais 100 bilhões de euros nessa transação. Isso gerou uma série de protestos no país.

Mas, o que levou um dos maiores bancos do país a essa situação? A Suíça possui um perfil diferente dos outros países acima. Por conta de sua tradição com os bancos, especialmente com o famoso “segredo bancário”. Por essa razão, a Suiça vinha sendo criticada, já que recebia dinheiro de origem ilícita. O próprio Credit Suisse começou a receber contas cujo dinheiro é de origem suspeita. Mas, isso não foi o único motivo.

O banco sofreu com a má administração e como consequência houve a retirada em massa dos depósitos dos seus clientes. No segundo semestre de 2022, mais de 113 bilhões de euros foram retirados do banco e com isso gerou uma crise de liquidez. A confiança é o principal capital de um banco.

De acordo com especialistas na área financeira, a atuação do Banco Central da Suiça foi necessária, justamente para evitar o processo de quebradeira de bancos a nível mundial que culminou a crise financeira de 2008.

Para concluir esse post, vale lembrar que a Suiça não é membro da União Europeia.

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