Depois de meses de negociação entre os partidos no parlamento austríaco, o Presidente ucraniano Wolodymyr Zelensky falou finalmente por vídeo conferência. Havia um grande debate se o Presidente ucraniano podia ou não falar no parlamente austríaco. A razão apontada era a neutralidade do país.
Em 1955, logo após as tropas de ocupação deixarem a Áustria, o país assinou o Pacto da Neutralidade onde jurou nunca mais participar ou se envolver em nenhuma guerra. Tanto assim que o país não é membro da OTAN e como consequência não enviou nenhum material bélico para a Ucrânia, diferente da Alemanha. Em contrapartida, o país alpino recebeu 72 mil refugiados ucranianos.
Com a invasão russa à Ucrânia, muito se questionou sobre a neutralidade do ponto de vista de defesa do país. Mas, além da questão da neutralidade há a dependência do gás russo.
70% do gás da Rússia
A companhia austríaca energética OMV foi a primeira do Ocidente a assinar um contrato para a entregra de gás russo no ano de 1968. Em 2018, o Presidente russo Vladimir Putin visitou Viena para celebrar os 50 anos de contrato de gás com a Áustria. Nessa ocasião foi assinado um contrato de entrega de gás até 2040.
Com as sanções econômicas impostas pela União Européia, países europeus correram para buscar outros fornecedores. Mas, na prática, a situação foi muito mais complicada, já que não há muitos fornecedores no mundo e especialistas falam da falta de “energia”. Ao mesmo tempo toda a tubulação de gás se encontra da Rússia em direção à Europa. Trocar isso pode levar anos. A Rússia é detentora das maiores reservas de gás e petroléo do mundo e nesse sentido é quase impossível a Europa se tornar “independente”.
Extrema-direita e sociais-democratas juntos
Hoje, 30 de março, enquanto Presidente Zelenksky falava por vídeo conferência no parlamento asutríaco, toda a bancada do partido da extrema-direita, FPÖ deixou o plenário. Em várias oportunidades, vários membros desse partido mostraram seu apreço com Vladmir Putin.
Mas, não foi somente a bancada do FPÖ que ficou de fora da sessão. Parte dos deputados do partido social-democrata, SPÖ também se retiraram. De quarenta deputados, dezoito se retiraram do plenário. A líder do partido não esteve presente, Pamela Wendi-Wagner por estar gripada de acordo com um anúncio do SPÖ feito pelo Twitter:
Parte da Social-democracia européia se encontra em um verdadeiro embate ideológico sobre o assunto “Guerra na Ucrânia”. Um sentimento de anti-Estados Unidos, vide vida capitalista e uma certa simpatia com Stalin. Aliás é juntamente a simpatia com Stalin que une parte dos sociais-democratas com a extrema-direita.
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