Todos os anos, eu escrevo esse post. Sempre com a esperança de que um novo ano represente um recomeço. Mas, eu confesso que estou muito pessimista.
2022 foi un ano muito difícil para a Europa. Esse ano foi marcado pela guerra na Ucrânia que mudou a geopolítica do continente europeu para sempre. Desde de 24 de fevereiro de 2022, aquele mundo que conhecíamos, simplesmente não existe mais.
Logo nos primeiro dias da guerra, Vladimir Putin, Presidente russo ameaçou o Ocidente com armas nucleares. O que nos fez retornar no tempo e mergulharmos na Guerra Fria (1947-1991). Muitos europeus se perguntaram, se por acaso não seríamos atacados por uma bomba nuclear a qualquer momento.
A guerra na Ucrânia também mostrou a dependência dos recursos energéticos na Europa com a Rússia. Desde do fim da União Soviética, em 1991, os europeus apostaram na diplomacia e negociações para trazer ventos democráticos para os russos.
Ao mesmo tempo, com ascenção de Vladimir Putin, em 2000, observadores e analistas de política exterior notaram que sua estratégia de estar no poder foram através de guerras rápidas, como aconteceu na Chechênia (2000). O objetivo era “justificado” após um ataque na capital Moscou, onde mais de 300 pessoas morreram. Depois vieram, a Guerra da Geórgia (2008), bem como a anexação da Criméia (2014). Mais detalhes, leia aqui.
Por que recorro a fatos históricos para começar esse texto? Esse é o ponto de partida para entendermos o que esperar de 2023. Até porque, essa guerra não tem data de terminar e não há nenhuma vontade da negociação de paz de ambos lados.
Crise energética e a inflação alta
Ao lado do contexto histórico envolvendo a guerra na Ucrânia, a Europa se viu em um grande dilema: da onde tirar energia? Com as sanções econômicas para cortar o financiamento da guerra, países europeus se viram obrigados a buscar outras fontes de energia. No caso da Áustria, a dependência do gás russo chegava até 80%.
Ainda no verão europeu, países começaram a corrida para buscar outras fontes de energia. Uma das opções foi o gás líquido, especialmente vindo do Qatar e dos Estados Unidos. A boa notícia é que no caso austríaco houve uma diminuição e atualmente há uma dependência de 21%.
Com isso, a inflação aumentou muito na Europa. Os governos europeus se viram obrigados a darem subsídios para diminuir o impacto da inflação. O grande problema é o aumento do preço do aquecimento, pago a parte do aluguel, da gasolina e da conta de luz. Esse último levando pequenos e médios negócios a falência.
Mesmo que certos países conseguiram diminuir a dependência do gás russo, a busca de formas de energia alternativas seguirá. Uma delas é a energia eólica. Quem vive em Viena, já observou quando se sai da cidade, a quantidade de moinhos de vento espalhados nos arredores. Já são 50% dos lares austríacos que recebem essa fonte de energia.
Ascenção da Extrema-Direita
Um dos grandes desafios para 2023 será acabar com a guerra na Ucrânia. Mas, os sinais são ruins, pois não há nenhum sinal de um mínino cessar fogo ou acordo de paz. Quase que diariamente, a Ucrânia recebe chuva de mísseis russos. No lado leste ucraniano, em Donbass e Luhansk há batalhas sangrentas com vários mortos, sejam civis ou militares de ambos os lados.
Outro grande desafio é diminuir a inflação. O europeu perdeu seu poder aquisitivo e isso se escuta nas ruas européias. Muitos que possuem uma imensa dificuldade em chegar no fim do mês com seu salário, seja para pagar o aluguel, aquecimento ou fazer compras no supermercado.
Com isso, a extrema-direita vem ganhando terreno nas intenções de votos. Há lugares na Alemanha, que esses partidos chegam estar em primeiro lugar nas intenções de voto. Aqui na Áustria, o FPÖ encontra-se em segundo lugar nas intenções para o Parlamento Nacional.
Como conter a insatisfação e frustração dos europeus é outro grande desafio ao longo de 2023 para os líderes e políticos daqui.
Vejam também minha análise em vídeo no meu canal no You Tube:
Adriana Ribeiro-Mayer 