Ontem, 2 de dezembro, Sebastian Kurz anunciou a sua retirada da política. A decisão pegou todos de surpresa. Kurz renunciou seu cargo de Primeiro-Ministro, no começo de outubro com denúncias de corrupção ativa e passiva na sua campanha para Primeiro-Ministro com o partido conservador, ÖVP – Österreich Volks Partei, no ano de 2017. Até ontem, ele era o chefe do partido conservador.
No celular do antigo chefe do ÖBAG*, Thomas Schmied e colaborador próximo de Kurz foi encontrado conversas de chats comprometedoras. A denúncia é que no ano de 2017, Schmied era Vice-Ministro do Ministério das Finanças. Utilizou-se dinheiro de verba publicitária desse Ministério, no valor de mais um milhão euros para a campanha do então Ministro da Relações Exteriores, Sebastian Kurz no jornal “Österreich” com pesquisas falsificadas a seu favor. Mais sobre o assunto, veja aqui.
Além das denúncias de corrupção, Kurz vinha sido responsabilizado pela más gestão da Pandemia. Na Áustria, desde de outubro, o número de casos de Covid19 explodiu. Os hospitais começaram a ficar sobrecarregados, especialmente as unidades de terapia intensiva.
Mesmo com o novo Kanzler, Alexander Schallenberg, Kurz ainda mantinha o controle do governo. Quando o número de casos de Covid19 obrigava o país a um lockdown, Kurz dizia que o país não podia se fechar de novo. Não houve outra alternativa. O país alpino se encontra em lockdown até o 12 de dezembro com a probalidade de ser prorrogado.
Endurecimento da extrema-direita
Desde de que fez coalizão com o FPÖ – Freiheit Partei Oesterreich, em seu primeiro governo entre 2017-2019, Kurz também tem sido responsabilizado pela endurecimento da extrema-direita, na Áustria. Como não conseguiu conduzir o país na crise da Covid19 e principalmente não fez uma campanha clara para a vacinação contra a Covid19, fortaleceu o discurso negacionista do FPÖ.
O FPÖ estava enfraquecido desde da queda do seu Vice-Primeiro-Ministro, Hans Christian Stracher, por conta do Ibiza Affare. Viu no discurso anti-vacina a chance de melhor posicionar na população. Tanto assim, que há manifestações todos os dias, em várias cidades austríacas, contra as medidas de contenção do vírus e a obrigatoriedade da vacina contra a Covid19.
Eleições?
De acordo com a imprensa austríaca, Schallenberg era uma espécie de “schattenkanzler”, – Ministro na sombra não podendo tomar decisões por sua conta e sim dependendo do Kurz, até então o “verdadeiro Kanzler”.
Havia a possibilidade de uma possível “volta” de Kurz, em uma provável eleição. Por outro lado, com tantos processos na Justiça, a volta de Kurz, como cabeça de lista do ÖPV como possível Primeiro-Ministro, Kanzler é improvável.
A imprensa austríaca fala que o próximo Kanzler será Karl Nehammer, o Ministro do Interior. Mas, até agora não há confirmação. Também renunciou o cargo, o Ministro das Finanças, Germot Blümel. Ele também era chefe dos conservadores, em Viena.
De ponto de vista de eleições, com a insatisfação popular e possibilidade concreta da extrema-direita conseguir muitas cadeiras, a ponto de ser impossível formar um governo sem o FPÖ.
O momento é grave e demanda bom senso dos políticos para tirar a Áustria da crise política e se liberar a a população do vírus.
Obs: Öbag é uma holding que contém as cotas de participação do estado austríaco em várias empresas. Thomas Schmied foi nomeado o Presidente por ter sido leal a Kurz. Essas conversas comprometedoras foram descobertas durante a CPI do Ibizza Affare. Elas estavam no celular de Schmied apreendido pela polícia.
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