Faz um mês que o novo governo está empossado. Coalizão conservadora que foi duramente questionada e com motivos, levando em conta, as idéias defendidas da extrema-direita. Ainda é muito cedo para prever quais serão os desdobramentos.
O que levou o partido conservador, ÖVP*, a fazer coalizão com a extrema-direita, o FPÖ*? Uma questão de sobrevivência política. Partido conservador que andou perdendo eleições, atrás de eleições, viu na figura jovem do Sebastian Kurz sua oportunidade para ganhar mais adeptos e continuar no poder.
Aproveitou da queda de popularidade do SPÖ*, os sociais-democratas, esses meio que perdidos sobre qual lado ir: uma política social para a classe proletariada e uma política de bem-vinda aos refugiados. Assunto espinhoso, ao qual nenhum líder europeu consegue uma resposta clara. Salvar pessoas inocentes da guerra, integrá-las, o mais rápido possível, sem que façam guetos. Mas, aí, vem a pergunta de ouro: Quem pagará esse custo? A vida é cara, já que os refugiados precisam de moradia, comida, roupa, aprender alemão, auxílio psicológico. Um grande desafio, onde, infelizmente as vias diplomáticas para resolver o conflito na Síria estão longe de um êxito.
Por último, vem o partido da extrema-direita. Além de serem os mais beneficiários com a crise migratória, com um discurso nacionalista e também instigando o eleitorado sobre o uso dos impostos para a integração dos refugiados. Sem contar, que como partido político, eles possuem uma relação muito mais próxima com o seu eleitorado do que os partidos tradicionais, até mesmo o próprio partido conservador.
Aliás, o futuro dessa coalizão aqui na Áustria dependerá muito desse eleitorado do FPÖ. A economia austríaca anda muito bem, mas a moradia nesse país está ficando cada vez mais dridcara e quando esse eleitorado não tiver mais condição de pagar o seu aluguel, o que esse governo fará?
Obs: *ÖVP – Österreichische Volkspartei: Partido Popular da Áustria, conservador. FPÖ – Freiheitliche Partei Österreich, Partido da Liberade da Austria, extrema-direta e SPÖ – Sozialdemokratische Partei Österreichs, os sociais-democratas.
Adriana Ribeiro-Mayer 