O governo russo ameaça fechar os canos de gás para a Europa. Desde que começou a guerra na Ucrânia, a Rússia vem sofrendo sanções econômicas severas. O país foi banido do sistema de financeiro internacional, com sua retirada do sistema Swift, sistema que permite transações internacionais. Vários oligargas russos tiveram seu dinheiro e bens congelados. Várias empresas estrangeiras também se retiraram da Rússia ou simplesmente não envia mais produtos para o país, em pouco mais de duas semanas de guerra com a Ucrânia.
Mas, todas essas sanções econômicas não significam que os outros países não sintam os seus efeitos. Mesmo sendo “banidos” do sistema financeiro, os russos sabem como pressionar os europeus. Eles sabem que são praticamente o maior fornecedor de gás para a Europa.
O Primeiro-Ministro alemão Olaf Sholz disse que será impossível, a curto prazo renunciar ao gás russo. Sobre esse assunto falou o seguinte para o ARD, um dos principais canais de notícia da Alemanha: “Trata-se do fornecimento de energia para a Europa seja para o aquecimento dos lares, para a mobilidade, para indústria. Não podemos trocar rapidamente de um momento para o outro”.
A Alemanha depende de 55% do gás russo, 50% do carvão e 35% de importações de petróleo bruto. A nível União Européia essa dependência é de 40%. No caso da Áustria pode chegar até 80%.
Enquanto eu escrevia esse post, o governo russo afirmou que continuaria a enviar gás para Europa através da tubulação do “Nord Stream1”, rede de gasodutos que passam pela Ucrânia.
Outras alternativas de energia
Com a guerra na Ucrânia mostrou o tanto que ser dependende de um distribuidor de energia pode ser complicado. Isso se deu justamente por decisões políticas. A Áustria foi um dos primeiro países europeus que assinou um acordo com os russos, em 1968, para a compra do gás. A razão para essa decisão é que gás russo é mais barato do que a gás da Noruega.
Outra alternativa de energia seria o gás líquido, o LPG que é uma espécie de petróleo em forma de gás. Essa forma de energia, de acordo com especialistas seria a mais “fácil” para substituir o gás da Rússia, já que LPG pode ser transportado por navios. Precisaria ver como armazenar esse gás, o que ainda não o suficiente no país. O LPG pode ser comprado do Qatar ou dos Estados Unidos, por exemplo.
Outra forma de energia é justamente a energia atômica com a construção de usinas nucleares. No caso da Alemanha, o governo já anunciou que não será possível, para os próximo tempos, a retirada da Alemanha da energia nuclear, por conta da dependência do gás russo.
A França já anunciou que construirá novas usinas nucleares. Já na Áustria, o assunto é um verdadeiro tabu. Tanto assim que há uma usina nuclear que foi construída em Zwentendorf, no estado da Baixa-Áustria e nunca colocada em funcionamento. Para ler sobre o assunto, clique aqui.
A influência russa na política da Europa Central
Aqui são ex-políticos que deixaram seus cargos e assumiram postos em empresas na Rússia:
- Wofgang Schüssel do partido conservador ÖVP, ex Primeiro-Ministro austríaco entre 2000 até 2007. Ele fazia parte do Conselho Fiscal da petrolera Lukoil. No começo da guerra, ele não via “motivos” para deixar o cargo. Depois de pressões de seu partido e violência das tropas russas na Ucrânia, ele mudou de idéia.
- Christian Kern do partido Social-democrata, SPÖ, ex Primeiro-Ministro também da Áustria entre 2016-2017. Ele fazia parte do Conselho Fiscal da Companhia de Trens da Rússia, RZD. Ele renunciou o seu cargo logo no primeiro dia da guerra.
- Karin Kneissl, ex Ministra das Relações Exteriores da Áustria no governo entre conservadores e ultradireita ÖVP-FPÖ entre 2017 e 2019. Ela segue no seu cargo na petroleira Rosneft.
- Gerhard Schröder, ex Primeiro-Ministro do SPD. Ele foi Kanzler da Alemanha antes de Angela Merkel (CDU) Entre 1999 a 2005. Schroder é lobbista dos Gasodutos Norstream 1 e 2, além de ser Chefe do Conselho da petroleira Rosnoff e pode ser considerado um dos “idealizadores” do Nordstream 2, o gasoduto que transportaria gás diretamente da Rússia para a Alemanha. A DricaRibas já tinha escrito sobre o assunto, basta clicar aqui.
Empresas que sairam ou paralizaram negócios com a Rússia
Do ramo automobilístico:
Volkswagen, Mercedes-Benz, BMW, Renault, Mitsubishi, Toyota.
Do ramo da Energia:
BP, Schell, Exxon Mobil, Total, Equinor, OMV.
Do ramo financeiro:
HSBS, DWS, Union Investment, Visa, Mastercad, Paypal.
Lojas e supermercados:
Ikea, Rewe, Penny, Aldi, Obi.
Do ramo de consumo:
Adidas, Nike, Puma, Electrolux, H & M, Hérmes, Louis Vuitton, Kering, Prada, Danone.
Do ramo de logística:
UPS, FedEX, Deutsche-Post, DHL.
Do ramo da aviação:
A Lufthansa não voa mais para a Rússia. Airbus e Boing não enviarão peças substitutas para aviões russos.
Do ramo das mídias e tecnologias:
Warner Brothers, Disney e Sony pararam suas produções no país. Netflix segue o mesmo caminho e o Tik Tok paraliza lives da Rússia.
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Um comentário em “A dependência européia do gás russo”