
Os desfiles cumpriram com seu ritual. Cada escola apresentou o seu enredo, da maneira ou da disponibilidade financeira que lhe foi possível.
Eu gostei dos desfiles. Houve enredos bem contados, como foi a da União da Ilha do Governador, houve enredos simples, mas que empolgaram a platéia, como a do Império Serrano, com a música do Gonzaquinha ou mais ideológicos, como a da Mangueira.
Vamos lá, para a nossa análise:
Na primeira noite, o desfile do Salgueiro foi o melhor, na leitura DricaRibas. Com o seu enredo sobre Xangô contagiou a avenida.
A Império Serrano, a escola pingue-pongue optou com um samba-enredo da música “O que é, o que é” do Gonzaquinha. Com fantasias e alegorias simplesinhas, o escola mostrou sua garra. A pergunta é: A Império continuará no Grupo Especial?
O desfile da Viradouro foi especial. Paulo Barros mostrou sua maestria com o enredo “Viraviradouro” ou algo do gênero. Imagino ele, pela pairagens do Centro Norte da Europa, preparando palco para peças de teatro ou óperas. Seria imperdível.
No fim, não podíamos deixar de dedicar umas palavras a Beija-Flor. Mesmo que se seu desfile, não tenha sido espetacular, há uma coisa que admiro neles: eles estão muito ligados na sua comunidade.
Na segunda noite, eu gostei da Portela. Com seu enredo sobre a Clara Nunes, mostrou um desfile coeso. Fez reverência a Madureira, bairro de onde vem a escola. A escola também contou com um modelo de fantasia assinado por Jean Paul Gaultier.
Bom também foi o desfile da União da Ilha, com seu enredo sobre o Ceará. Houveram alas que foram confeccionadas com rendas e bordados típicos de lá. Desfiles com um toque fashion.
Por fim, o desfile da Mangueira. O desfile foi bom, mas não achei que ele meresse o Standard de Ouro do Jornal “Globo”. Haviam desfiles melhores. A escolha se deu por motivos ideológicos, aliás, diga-se de passagem, refletindo o momento político que estamos vivendo.
Vale lembrar, como eu escrevi, no começo deste texto, que a escolha do enredo cabe a escola. A mesma possui a liberdade para desenvolvê-lo da maneira que queira.
A questão do financiamento:
O que o DricaRibas notou é que houve uma homegeniedade dos desfiles, no quesito fantasias, alegorias e carros alegóricos. A maiora das escolas de samba dispuseram de uma quantia de dinheiro semelhante. Um pouco diferente de carnavais passados, onde haviam escolas que gastavam rios de dinheiro.
Para haver uma igualdade entre as concorrentes, o DricaRibas sempre defendeu que as escolas tivessem um orçamento igual. Assim se avaliaria a capacidade de produzir o desfile, do ponto de vista artístico.
Por outro lado, sempre foi conhecido a origem ilícita do financiamento dos desfiles das escolas de samba. Quase sempre, dinheiro proveniente do jogo do bicho e outras atividades ilícitas.
Como controlar essa questão? Pergunta impossível de se responder.
Blocos Carnavalescos & Desfiles das Escolas:
Outro fato importante é o retorno dos blocos carnavalescos no carnaval carioca. Uma resposta à comercialização exagerada dos desfiles grupo especial. Para participar dos desfiles, seja como espectador ou membro de uma escola, há um custo, seja ele com a entrada ou com a fantasia. Sem contar com as regras que se devem obdecer para desfilar. Por exemplo, executar coreografias ao invés de dançar samba esponteneamente.
Os blocos voltaram e mostram que a tradição de brincar o carnaval está mais forte que nunca.
A pergunta que fica é: Como será essa coohabitação entre desfiles e blocos? O DricaRibas acredita que ambos conviverão juntos, em harmonia.
Por fim, o desfile das escolas de samba é um belo espetáculo. Que assim continue. Agora, as escolas de samba começarão a trabalhar para o desfile do ano que vem. Encerrou-se o ritual do carnaval 2019 para começar o ritual do carnaval do ano 2020.