As eleições passaram. O que parecia ser um momento para apaziguar o país, acabou por acirrar mais os ânimos. Como torcidas organizadas, lulopetistas e bolsonaristas vivem em suas bolhas, acusam-se mutuamente além de se desprezarem. Só se esquecem, que ao fazer isto, eles se afastam da realidade, essa que ambos devem conviver.
Essa divisão da sociedade entre “nós e eles” foi implantada pelo Lulopetismo. Começou sorreteramente no primeiro mandato do ex-presidente Lula. Aí, havia aquela ideía de que esquerdas resolveriam tudo e que o Brasil finalmente deixaria de ser um país de terceiro mundo.
Durante esse tempo, eu passei por várias situações complicadas com os lulopetistas. Não pelo fato de ser liberal, até porque, possuir uma ideologia política faz parte. Mas, a coisa que mais me chamou atenção, era a ausência de questionamentos. Senti isso no âmbito pessoal, com amigos petistas e também no meu tempo de doutorado na Universidade de Viena. Qualquer coisa que não fosse a favor da ideologia lulopetista era ruim.
Isso se viu claro também na imprensa brasileira, onde boa parte decidiu seguir a cartilha lulopetista e escrever a realidade através de narrativas. Essa foi a maneira de impor a ideologia à realidade.
Agora, temos Jair Bolsonaro como Presidente. Algo que parecia distante de qualquer realidade, especialmente dentro das perspectivas do modelo de imprensa tradicional.
Eu me lembro de começar o ver o nome Bolsonaro, nas redes sociais, no ano de 2015. Eram grupos bem esporrentos e de linha bem radical. O próprio Bolsonaro ficou conhecido com seu linguajar veborrágico, com suas declarações polêmicas. Sua canditadura parecia uma caricatura. Não parecia fluir.
Mas, os tempos na política favorecem a agenda da vez. A canditadura Bolsonaro se aproveitou da bandeira da Segurança Pública, mal que azucrina todos, para ganhar adeptos. Deu um mel, para os armentistas e agradou aqueles saudosistas do regime militar.
Os brasileiros, cansados da ausência de serviços públicos e de narrativas, optaram por Bolsonaro. Muitos que votaram nele, o fizeram contra o lulopetismo. E esse ponto é muito claro, que o Presidente Bolsonaro vai ter que ter e de sobretudo apaziguar o país.
Mesmo assim, parece que a Ditadura das Idéias quer seguir. A bolha Bolsonarista tenta impor sua vontade e qualquer coisa que seja difente da ideologia de direita. Assim como a bolha lulopetista tenta impor sua ideologia, na marra. Cada um, dentro da sua bolha seguem os mesmos passos.
Aí vem a realidade: todas as diferenças devem ser resolvidas na política e fazer política é um grande desafio. Em um país onde a democracia é muito frágil, vale ter o chão colado nos pés. Até porque, uma coisa é certa, os brasileiros querem que o país funcione. Esse fato derrubou o lulopetismo e pode também derrubar o bolsonarismo. Vida que segue.
Adriana Ribeiro-Mayer 